domingo, 13 de março de 2011

O gosto dos outros


"Eu estava sentado em um bar na avenida Western. Era perto da meia-noite e estava metido em uma das minhas habituais confusões. Quero dizer, você sabe, nada dá certo: as mulheres, os trabalhos, a falta de trabalhos, o tempo, os cães. Por fim, você simplesmente senta em uma espécie de estado de transe e espera como se estivesse no banco da parada de ônibus aguardando a morte."
- Charles Bukowiski - Ao sul de lugar nenhum. Histórias da vida subterrânea.



Bucowiski carrega com as suas palavras acres e rastejantes o gosto popular cult. É bastante fácil encontrar aqueles que têm o velho torpe como um expoente de seus gostos literários. Chega a ser bom sonhar que a era ipad, mesmo nunca tendo havido muito interesse deste redator na bagunça social do escritor rotulada como sabor, possa fazer de Bucowiski um hit literário a nocautear as aventuras infantís e as balelas de auto-ajuda.

O mercado literário de hoje prende a respiração, indeciso sobre os ventos da tecnologia capitaneados por Steve Jobs. A mídia impressa e o mercado literário, que já agonizam a um bom tempo com a sua inaptidão em cativar as novas gerações, têm nas mãos a oportunidade de mudar os parâmetros de cultura em massa. Passa-se, ainda hoje timidamente, a comercializar a literatura digitalizada, cujos custos embutidos são extremamente mais baixos. Espera-se com isso duas consequências animadoras para as letras: acesso facilitado à literatura e um volume maior de material disponível.

Neste caminho já se tem uma boa experiência ao observar o mercado fonográfico. Com a chegada do mp3 houve uma nova forma de se obter, de se trafegar e de se apreciar a música. Hoje uma boa parte dos consumidores de mp3 compram apenas as músicas que lhes interessam, mirando um fim ao formato do álbum. As mp3 trafegam de forma muito mais maleável e palpável que nas mídias de gravação sequêncial. Em suma, o mp3 trouxe o acesso facilitado ao consumidor e, consequentemente, um estímulo ao aparecimento de novas bandas, músicas, sons.

A este redator, a era mp3 traz também um gosto de nostalgia, de quando era possível e hábil, aproveitar todas as outras coisas ao mesmo tempo em que se descobria como era um álbum, um cd. Escutar várias e várias vezes antes que o próximo se embrenhasse, trazendo a paixão musical da vez. Hoje a velocidade das coisas é quem dita as regras. Não há tempo para que as bandas deixem a sua marca, pois escutar várias e várias vezes é dizer não ao tempo de se descobrir outras bandas tão boas ou melhores. Neste rumo mp3 à literatura, estamos fadados então a uma enxurrada de livros, de contos, de resenhas, de ensaios, de artigos. Com isso Bukowiski talvez esteja cada vez mais no gosto dos outros, mas a este redator, ele nunca pareceu tão distante.





Reator resiste após explosões no Japão; 11 ficam feridos
13 de março de 2011 23h29 atualizado em 14 de março de 2011 às 02h24

Duas explosões foram registradas nesta segunda-feira (hora local) no reator três da usina nuclear Nº 1 em Fukushima, informou a companhia Tokyo Electric Power Co. (Tepco). No entanto, o reator está intacto e o porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, acrescentou que são poucas as possibilidades de haver um vazamento radioativo.

A novela de nossas vidas torna-se mais e mais carregada de suspense. Só nos resta confiar nos japoneses e torcer para o melhor, para eles e para nós. Chernobyl e Goiânia são sustos de noticiários da infância, mas que ainda se movimentam no apagar das luzes.

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